Em II Samuel 13: 1-17 vemos a história de Amnon e Tamar
Amnom, filho de Davi, apaixonou-se por Tamar; ela era muito bonita e era irmã de Absalão, outro filho de Davi.
Amnom ficou angustiado a ponto de adoecer por causa de sua meio-irmã Tamar, pois ela era virgem, e parecia-lhe impossível aproximar-se dela. Amnom tinha um amigo muito astuto chamado Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi.
Ele perguntou a Amnom: "Filho do rei, por que todo dia você está abatido? Quer me contar o que se passa? " Amnom lhe disse: "Estou apaixonado por Tamar, irmã de meu irmão Absalão".
Então disse Jonadabe: "Vá para a cama e finja estar doente". "Quando seu pai vier visitá-lo, diga-lhe: Permite que minha irmã Tamar venha dar-me de comer. Gostaria que ela preparasse a comida aqui mesmo e me servisse. Assim poderei vê-la. "
Amnom atendeu e deitou-se na cama, fingindo-se doente. Quando o rei foi visitá-lo, Amnom lhe disse: "Eu gostaria que minha irmã Tamar viesse e preparasse dois bolos aqui mesmo e me servisse".
Davi mandou dizer a Tamar no palácio: "Vá à casa de seu irmão Amnom e prepare algo para ele comer".
Assim, Tamar foi à casa de seu irmão, que estava deitado. Ela amassou a farinha, preparou os bolos na presença dele e os assou.
Depois pegou a assadeira e lhe serviu os bolos, mas ele não quis comer. Então Amnom deu ordem para que todos saíssem; depois que todos saíram, Amnom disse a Tamar: "Traga os bolos e sirva-me aqui no meu quarto". Tamar levou os bolos que havia preparado ao quarto de seu irmão.
Mas quando ela se aproximou para servi-lo, ele a agarrou e disse: "Deite-se comigo, minha irmã". Mas ela lhe disse: "Não, meu irmão! Não me faça essa violência. Não se faz uma coisa dessas em Israel! Não cometa essa loucura.
O que seria de mim? Como eu poderia livrar-me da minha desonra? E o que seria de você? Você cairia em desgraça em Israel. Fale com o rei; ele deixará que eu me case com você".
Mas Amnom não quis ouvir e, sendo mais forte que ela, violentou-a. Logo depois Amnom sentiu uma forte aversão por ela, mais forte que a paixão que sentira. E disse a ela: "Levante-se e saia! "
Mas ela lhe disse: "Não, meu irmão, mandar-me embora seria pior do que o mal que você já me fez". Ele, porém, não quis ouvi-la, e chamando seu servo, disse-lhe: "Ponha esta mulher para fora daqui e tranque a porta".
2 Samuel 13:1-17
Isto, em muitos casos, chega a se tornar uma oscilação crônica, onde o casal vive "entre tapas e beijos". "Amor" na hora do prazer e rejeição na hora da responsabilidade.
Falta de compromisso
Inconstância e transitoriedade
No caso de Amnom, sua paixão durou o curto tempo de uma relação sexual forçada e precipitada, onde apenas ele se satisfez. Sua paixão, nada mais era que um desejo sexual ardente. Quando o desejo acabou, a paixão também acabou. Tudo que sobrou foi aversão e frustração.
Amnom estava totalmente
dominado por um sentimento que removeu os limites e o controle do seu
comportamento. A sensualidade torna a pessoa
surda e desenfreada, ou seja, imediatista em relação aos seus
desejos. Amnom impiedosamente extravasou seus sentimentos e desejos através
da força e agressão, o que resultou num incesto.
Aqui se define o estado
agudo de desequilíbrio que a sensualidade provoca em suas vítimas.
O que temos em pauta é um desgoverno total baseado na falência do
domínio próprio. O amor sensual sempre se confunde e mistura com o
ódio e a aversão. Ele segue a instabilidade emocional e espiritual
da pessoa. Quando a pessoa se sente bem ela "ama", quando a
pessoa se sente mal, ela aborrece. O amor sensual se baseia puramente
na satisfação psico-emocional do indivíduo.
Paixão
O motivo existencial da
sensualidade é a ânsia pelo prazer e não a responsabilidade de
fazer a outra pessoa feliz. As motivações normalmente são
egocêntricas e condenáveis.
Não
existe mal nenhum em nutrir um sentimento por alguém, mas idolatrar
este sentimento sendo governado, ou melhor dizendo, desgovernado por
ele, redunda em sensualidade.
"e aconteceu depois
disto que, tendo Absalão, filho de Davi, uma irmã formosa, cujo
nome era Tamar, Amnom, filho de Davi, amou-a. E angustiou-se Amnom,
até adoecer, por Tamar, sua irmã..."
A paixão ainda está muito longe
de ser amor verdadeiro, o qual é marcado pelo compromisso, respeito,
fidelidade, paciência, etc.
Aversão
A aversão é a outra face do
espírito de sensualidade a ser contemplada por aqueles que se
tornaram enlouquecidos pela paixão. Esta é a face oculta do amor.
Normalmente, a intensidade do descontrole sentimental causado pela
paixão será diretamente proporcional no sentimento de aversão.
Depois que a pessoa já
empanturrou todo seu apetite sentimental e principalmente sexual,
como Amnom fez, sendo desaprovado na prova da paixão, onde
normalmente ninguém cogita a manipulação de forças demoníacas,
surge agora a manifestação de um sentimento repugnante, faccioso,
claramente diabólico de ódio e aversão. A pessoa passa a simplesmente
não suportar a presença da outra:
"Depois Amnom sentiu por ela
grande aversão, e maior era a aversão que sentiu por ela, que o
amor que lhe votara. E disse-lhe Amnom: Levanta-te, vai-te embora".
Isto, em muitos casos, chega a se tornar uma oscilação crônica, onde o casal vive "entre tapas e beijos". "Amor" na hora do prazer e rejeição na hora da responsabilidade.
Esta aversão vai gerando
problemas, melindrosidades, supervalorização do irrisório,
desconfianças, ciúmes, assuntos crônicos de contenda, clima de
amargura e total desentendimento. Um quadro de infelicidade total.
Pesadas cargas de rejeição e palavras potencialmente ferinas são
trocadas, e vão golpeando e desgastando o relacionamento que vai
perdendo a resistência. O ódio se instala, seguido pela indiferença
e desprezo, e assim, mais um divórcio acaba sendo concretizado por
atitudes de traição e abandono.
Paixão e aversão, um par
inseparável. Mas o Espírito Santo tem uma arma poderosa: o domínio
próprio. Dominar a paixão é a maior prova que nosso compromisso
subsistirá à prova da aversão. O verdadeiro amor não se deixa
abalar pelos extremos da paixão nem da aversão, pois antes de tudo
honra uma aliança com Deus.
Obstinação
A sensualidade gera um
sentimento que se baseia no medo de perder. Este sentimento é o
ciúme e através dele materializa-se a possessividade que constitui
uma das mais terríveis deformações da personalidade, onde a pessoa
se sente no direito de viver a vida de outros por eles.
O ciúme, que se fundamenta na
insegurança em relação a conseguir o que deseja, peca frontalmente
contra o espírito de renúncia que é a engrenagem mestra que nos
move nos caminhos de Deus. Sem renúncia, a idolatria, a
possessividade e todo tipo de descontrole se instalam.
Quando Amnom se fixou na
improbabilidade de conseguir um relacionamento com Tamar, o medo de
perdê-la começou a gerar um desespero que redundou numa cobiça
implacável.
O medo de perder produz uma
insegurança aguda que nos leva literalmente a furtar a liberdade da
outra pessoa que é o objeto de nossa cobiça, anulando sua
individualidade, violando a liberdade e asfixiando o relacionamento. Enquanto a renúncia nos
faz andar com Deus. O ciúme nos faz andar
com o diabo num caminho de depressão, baixa estima e desespero.
A sensualidade também pode
assumir um porte de neurose, onde a pessoa permanece trancada num
mundo onde apenas os sonhos e fantasias daquela paixão estão
presentes. A pessoa acaba ficando paralisada, sem iniciativa,
profundamente enferma na alma, sobrevivendo para as outras áreas da
vida.
"E angustiou-se Amnom, até
adoecer, por Tamar, sua irmã, porque era virgem: e parecia aos olhos
de Amnom dificultoso fazer-lhe coisa alguma".
O amor sensual que inundava a
vida de Amnom primeiramente levou-o a uma plataforma de incredulidade
na possibilidade de um relacionamento com Tamar, ou seja, foi
torturado pela inferioridade e medo de não conseguir, onde seus
sentimentos se angustiaram tanto a ponto de somatizarem, ou seja,
adoecendo-o fisicamente.
Rebelando-se contra este
ambiente interno de dor e medo, se projetou através de uma
obstinação cega, obedecendo a qualquer preço os impulsos da sua
paixão.
Falta de compromisso
O amor sensual se fundamenta na
auto-satisfação. Ou seja, a essência que traduz a motivação da
pessoa não é servir, mas usar. A motivação é ser feliz e não
fazer a outra pessoa feliz.
Podemos perceber
claramente esta falta de compromisso da qual consistia a grande
paixão de Amnom:
"E disse-lhe Amnom:
Levanta-te, vai-te embora. Então ela lhe disse: Não há razão de
me despedires assim; maior seria este mal do que o outro que já me
tens feito. Porém não lhe quis dar ouvidos".
Amnom não teve a mínima
consideração com a pessoa que a poucos instantes estava tão
apaixonado. Ele a manipulou, forçou, usou, abusou, humilhou, e
lançou fora como um objeto que não era mais conveniente. Não é de se surpreender
que Amnom tenha perdido precocemente sua vida, sendo assassinado
friamente pelo próprio irmão.
Inconstância e transitoriedade
A falta de compromisso faz com
que um relacionamento seja fraco e superficial, como também torna a
pessoa totalmente volúvel nos seus sentimentos. O amor sensual está totalmente
fechado para conciliar o sofrimento, a responsabilidade diante das
dificuldades e a paciência, que são os agentes depuradores do
verdadeiro amor. Portanto, o amor sensual só sobrevive enquanto está
agradando e atendendo interesses próprios.
Quando o relacionamento
não dá mais o retorno esperado,
parece mais fácil e cômodo sair pela tangente, não importando as
conseqüências, bem como os danos psicológicos que isto poderá
causar.
No caso de Amnom, sua paixão durou o curto tempo de uma relação sexual forçada e precipitada, onde apenas ele se satisfez. Sua paixão, nada mais era que um desejo sexual ardente. Quando o desejo acabou, a paixão também acabou. Tudo que sobrou foi aversão e frustração.
Falta de exclusividade
O espírito de sensualidade impõe um índice tão acentuado de descontrole e insatisfação,
que se torna normal a pessoa ficar flutuando em vários objetivos
amorosos simultaneamente. A concupiscência dos olhos e da carne
passa a controlar o comportamento do indivíduo.
Os mandamentos de Deus
são sábios e constituem uma salvaguarda para todos que os obedecem.
Não queiramos ser mais sábios que a Bíblia. Todos os casos de poligamia na Biblia tiveram serias conseqüências na historia de seus descendentes, provando que esse nunca foi o propósito original de Deus.
A sensualidade sempre conduz à
defraudação. O espírito de sensualidade impõe sobre as pessoas
pensamentos cíclicos de imoralidade e intermináveis fantasias
sexuais.
A suprema excelência do
amor diz: Tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta". Este amor nunca falha.
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